Representantes da Facisc e das associações do Oeste catarinense reuniram-se nesta quinta (27/01) para discutir sobre a malha ferroviária e os projetos previstos para Santa Catarina. O presidente da ACIC, Sérgio Domingos Radin, e o diretor para assuntos de Comércio Exterior da entidade, Milvo Zancanaro, participaram das discussões.
Na ocasião, o gerente de ferrovias da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra SC), Silvio dos Santos, expôs a visão do governo de SC em relação às ferrovias, a expansão da malha e os projetos que estão sendo desenvolvidos.
Segundo Silvio, durante a pandemia foi estudada uma nova proposta e elaborado um plano ferroviário, onde foi proposta, por exemplo, a ligação com a Ferrovia Teresa Cristina e também com o pólo portuário de Itajaí e Navegantes. “Dispomos de ferrovias subutilizadas e com a recapacitação poderia-se trazer cargas de outros estados para Santa Catarina”, declarou.
De acordo com o gerente, o governo reservou R $110 milhões para os projetos e agora em fevereiro serão licitados dois trechos. “Inicialmente faremos projetos básicos para saber o quanto custará e buscar parceiros. Em uma segunda etapa, no segundo semestre, faremos a licitação para a Tereza Cristina para ligação do tronco sul até Itajaí. Seria um projeto de recuperação para os trechos abandonados
de Mafra, Porto União Marcelino Ramos, e com seis ou sete terminais nestes trechos propostos seria possível embarcar as cargas. Também estamos em contato com a Ferroeste para estudar possíveis projetos”, explicou.
Presidente da Ferrovia Tereza Cristina e presidente do Conselho da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, Benony Schmitz, também falou sobre o mercado, a renovação das concessões ferroviárias e as perspectivas para o Setor com o Novo Marco Legal (Lei 14.273/21). “SC, pelas suas dimensões e suas necessidades passadas, não demonstrou uma vocação ferroviária. Se não temos ferrovias é porque não houve demandas para a sua implementação. As poucas ferrovias que temos foram construídas no século retrasado e na década de 60. Mas o Estado vem mudando em razão de seu crescimento econômico e demandando por uma melhor infraestrutura com a participação de outros modais. Será entregue ao governo de SC, em fevereiro, um estudo com uma nova proposta de um Sistema Ferroviário com alternativas de traçados. Não se trata de tirar cargas do rodoviário, mas vemos as ferrovias como opções complementares em uma infraestrutura integrada, pois precisamos pensar na melhor logística possível para o Estado, para tornar os produtos catarinenses cada vez mais competitivos no mercado, aliviando a sobrecarga nas rodovias, que tende a aumentar com o crescimento da produção, podendo, no futuro, não termos capacidade viária de atender, em alguns pontos, a esta demanda no prazo adequado que a sociedade necessita”, explicou Benony.
A reunião contou com a participação do diretor de infraestrutura e logística, Antônio Carlos Guimarães Neto, do vice-presidente regional Oeste, Milvo Zancanaro e foi conduzida pelo presidente da Facisc, Sérgio Rodrigues Alves que lembrou mais uma vez que a infraestrutura foi apontada no documento Voz Única, que vai para quarta edição em 2022, como uma das principais necessidades do estado para o crescimento econômico. “Esse é um tema especial pelo momento em que estamos. Precisamos consolidar as necessidades e dar soluções e a Facisc está à disposição para colaborar neste caminho. SC tem um grande potencial econômico e essa parte das ferrovias também tem grande influência. Partimos para uma fase importante e precisamos priorizar e viabilizar o que é possível”, ressaltou o presidente.
Presente no encontro, o presidente da Associação Empresarial de Chapecó, Leno Broch, manifestou a preocupação com a região que consome sete milhões de toneladas de milho por ano, sendo que cinco milhões destas são importadas. “Nossa preocupação é com a indústria que necessita destes grãos e muitas vezes não consegue transportá-los. O Oeste perde e o estado perde, pois muitas empresas acabam indo embora por este problema”.
“As empresas do Oeste estão passando por dificuldades nos custos, que impactam diretamente no crescimento regional. Os maiores problemas são os custos com a logística da nossa principal matéria prima, o milho, que sustenta toda a cadeia produtiva de carnes. Nossa preocupação é que a principal atividade do Oeste seja inviabilizada em um curto espaço de tempo”, completou o vice-presidente da Facisc para a regional Oeste, Milvo Zancanaro.
O diretor de infraestrutura e logística da Federação, reforçou a necessidade dos projetos. “É fundamental que tenhamos projetos e planejamento. As entidades apoiam e o estado tem que ser o direcionador do que se deseja para SC. Precisamos continuar unidos e engajados para tornar os processos mais ágeis. Temos que pensar em competitividade para a indústria”, declarou Antônio Carlos Guimarães Neto.
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